domingo, 25 de maio de 2008

A última (e primeira) carta...

E eu queria tanto ter parado por ali...Mas a faca já estava muito perto do meu pulso e, como sempre disseram q eu nunca termino nada e que eu nao tenho atitude,aquela seria a primeira vez q eu enfrentaria algo até o final. Final esse literalmente falando. Seria o final de tudo. O final da dor, da angústia, das incertezas,dos medos. Seria também o fim da possibilidade de ser feliz, de ser completo, de rir nas horas impróprias.

O fim é um novo começo? E o começo? Pode ser um novo fim? Uma linha de chegada determina o começo de outra estrada?

O que vem depois do corte? Do sangue? Da dor física? Será q vem a libertação? Será q vem o arrependimento? Por que não podemos decidir qdo acaba? A vida é nossa...Mas, por que só até um segundo antes da morte? Que vida passa diante dos nossos olhos? O que o corte nos conta de nós mesmos? Não há nada do que eu me orgulhe...Não há uma só passagem em que eu pude dizer q fiquei satisfeito com a minha escolha. Ah, mas eu esqueci...Essa é a minha primeira escolha.

Os dias não passaram de folhas no calendário pendurado na parede. E o que eu fiz com os meus dias? Eu risquei assim como fiz no calendário. Eu não vivi. Eu passei.

O corte está cada vez mais profundo. O pulso já sei foi, mas ainda resta sangue, pingando no mesmo chão q eu pisei tantas vezes e nem notei q era a única coisa q eu dominava.Era a única coisa q me dava segurança. Agora estava manchado com o mesmo sangue q saía aliviado do meu corpo. Aliviado por não mais habitar um corpo perdedor. Uma mente sem rumo e sem vontade.
Talvez só o chão sinta a minha falta. Só o chão deve ter reconhecido q eu não pisava tão forte por cautela. O que é defeito pra todos, pro chão é uma virtude. Pisar devagar, olhar para os lados e não se jogar sobre ele.

Mas, do que adiantou? Não era o chão q poderia me fazer feliz. Nada mais pode. A cor q antes me integrava aos saudáveis está indo embora, acompanhada dos sonhos mais longínquos, lá vão eles, olhando pra trás e rindo de mim. Como se soubessem q eu fui fraco. Que eu não os persegui. Sonhos q jamais voltarão, assim como o sangue q banhava todo o chão.
Não há mais o que fazer, os pulsos se entreolham na esperança de reviverem. Mas, não há mais vida, no pulso q um dia prometeu q seria firme. Mas, q falhou...E agora está sem vida. Sempre esteve, só não sabia.
Os olhos, que um dia olharam o mundo tão colorido, se fecham aos poucos...Como numa despedida melancólica de uma vida q não tiveram oportunidade de viver.

Por mais estranho q pareça, a boca sorri. Quase irônica. Quase aliviada. Por não precisar mais se explicar. Por finalmente ter descanso. A língua procura o último sinal de saliva. Mas,não há mais nada. Todos se foram. As luzes se apagaram.Os últimos convidados, os olhos, apagaram a última luz q restava no meu corpo.
Agora tudo estava leve. O sangue não mais pesava. O pulso não mais doía. Só sobrou o sorriso. O irônico, o aliviado, o sem vida, mas ainda um sorriso. Da vida q se foi e q não pode mais machucar.


***Aviso: Não...eu NÃO sou suicida...acho ridículo...***

Um comentário:

XVideos Online disse...

Bah parabéns Ju pelo que,e como escreveu.....ficou simplesmente lindo...assim como você.Beijos

By Luan